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Lições do esporte no dia a dia corporativo

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Fernando Scheller

Cumprir longas jornadas, sacrificar-se em nome da equipe e saber esperar resultados de longo prazo. São características comuns a esportistas valorizadas pelas corporações. Do ex-tenista Luiz Mattar, que fundou a empresa da tecnologia Tivit, a Abilio Diniz, um aficionado por esportes que implantou a cultura do bem-estar no Pão de Açúcar, há vários exemplos de homens de negócio que valorizam o espírito de competição ao contratar.

Jogador profissional de basquete por clubes como Corinthians e Flamengo, Celso Doria percebeu, lá pelos 20 e poucos anos, que não se tornaria um astro do esporte que sobreviveria do próprio nome para o resto da vida. Foi quando largou as quadras da liga profissional brasileira para jogar basquete universitário nos Estados Unidos, onde a prática do esporte vinha unida a uma bolsa de estudos.

Estudou administração no Kansas e, já aposentado do basquete, conseguiu um emprego na Pepsico. “Não tinha experiência nenhuma quando fui contratado. Mas estava formado, falava quatro idiomas e tinha sido capitão do time de basquete”, lembra Doria, hoje executivo responsável pela área de TI do banco Morgan Stanley na América Latina. “Tive a sorte de não descuidar da minha formação por causa do esporte. Meu pai sempre exigiu que eu estudasse.”

A consultoria portuguesa Adecco ajuda atletas que já passaram da idade de competição a encontrar um lugar ao sol no mundo corporativo. Associando-se a entidades esportivas, como o Comitê Paraolímpico Brasileiro e o Comitê Olímpico Português, a empresa tem o objetivo de conscientizar os esportistas sobre a importância da manutenção da educação em paralelo à carreira nas quadras e piscinas.

O trabalho com esses profissionais precisa começar por noções básicas sobre o trabalho em uma corporação. “Ensinamos esses profissionais a falar sobre habilidades e elaboramos currículos. São pessoas que nunca antes foram a uma entrevista de emprego”, explica Paulo Canôa, vice-presidente da Adecco para a América Latina.

Tecnologia
O nadador Cicero Torteli foi à Olimpíada de Seul, em 1988, representando o Brasil em três categorias. Aos 45 anos, ele está em sua segunda história como empreendedor. Ele fundou a Paggo, posteriormente vendida à operadora de telefonia Oi, e hoje é o “capitão” de uma equipe de 75 pessoas na Freeddom. A empresa está desenvolvendo um projeto de pagamento por celular na Nigéria, em associação com o UBA, o maior banco daquele país.

O projeto acabou de sair da fase de testes e contabiliza 30 mil clientes nigerianos. Segundo o empresário, a disposição para negociar um contrato na África veio dos tempos de piscina. “Muita gente vai pensar: para que ir até à Nigéria? Na minha época de clube, eu tinha de nadar onde quer que mandassem. A gente perde os medos logo cedo. E eu corri atrás da oportunidade”, lembra Torteli. “Com 14 anos, lidava com decisões que muita gente não tem coragem de tomar aos 30 anos.”

Em sua empresa, o ex-nadador diz tentar combinar o espírito de equipe do esporte com a gestão por resultados de seu primeiro empregador, o extinto Banco Garantia, que foi comprado pelo Credit Suisse em 1998. “Acredito no sistema de meritocracia do Garantia, em que as pessoas com boa performance têm de virar sócias. E também defendo a lógica do revezamento. Se uma equipe foi mal, é preciso entender quais foram os pontos fracos e quem foi que prejudicou a equipe.”

Ex-jogador de rúgbi e nadador, o presidente da consultoria Thomas Brasil, Victor Martinez, diz que o esporte só é uma vantagem caso o profissional tenha o mesmo nível técnico de seus concorrentes. “Certamente é um diferencial. Há muitos paralelos entre o esporte e o mundo corporativo. A diferença é que a competição é declarada no esporte, e velada nas empresas.”


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